O Mesão D*sJ(2317)+


Eef van Beveren1   e   George Rupp2


1)   Centro de Física Teórica, Departamento de Física, Universidade de Coimbra

2)   Centro de Física das Interacções Fundamentais, Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa




Cadernos das Jornadas
Edição: Escola Secundária de Tondela

ISBN: 972-9071-55-1
Depósito legal: 207679/04
Pré-impressão: Esferagráfica
Impressão: Tondelgráfica
Fevereiro 2004

A edição teve Apoio da Labesfal - Laboratórios Almiro, SA



A partícula Ds(2317) foi descoberta no início do ano 2003 pela colaboração BABAR do laboratório SLAC (Centro do Acelerador Linear de Stanford, EUA) e confirmada pela colaboração CLEO da Universidade de Cornell (EUA). Esta descoberta teve algum destaque na imprensa internacional e até nacional.


Mas afinal, qual é a importância desta descoberta?

Na área da Física estuda-se tudo desde o mais pequeno até ao maior.
Num extremo, em cosmologia e astronomia exploram-se dimensões do tamanho do Universo, uns belos 1026 metros.
No outro, os "microscópios" alcançam distâncias até 10-18 metros.
Existe sempre a curiosidade de ir mais além destas fronteiras, o que nos faz prosseguir na procura de métodos e meios para enriquecer o nosso saber.

A partícula Ds(2317) representa uma das muitas combinações possíveis de quarks, isto é, um quark do tipo charm ligado, numa das também várias configurações possíveis, a um antiquark do tipo strange. Prever a existência da partícula Ds(2317) não é difícil. Porém, esta partícula é, surpreendentemente, bastante mais leve do que o previsto. Ou seja, no contexto dos habituais modelos que descrevem os quarks, algo parece não bater certo. Ao demonstrar que as interacções entre os quarks ainda não são inteiramente compreendidas fica evidente a importância desta descoberta.


O que são quarks?

Toda a matéria é composta de quarks, partículas extremamente pequenas. Lado ao lado, 1015 quarks ocupam uns 30 centímetros. Consequentemente, são precisos muitos quarks para constituir um objecto macroscópico. Por exemplo, o nosso corpo compõe-se de cerca de 1029 quarks. Caso fossem enfiados num fio invisivelmente fino, os quarks do nosso corpo formariam um colar que daria um milhão de voltas à Terra.

Os quarks não estão soltos dentro da matéria, mas andam sempre agrupados em conjuntos de três. A estes conjuntos chamam-se protões ou neutrões, isto é, as partículas que constituem os núcleos dos átomos.

Na matéria vulgar, há dois tipos de quarks, a que se chamam quarks up e quarks down. Um neutrão consiste em um quark "up" e dois quarks "down", um protão em dois quarks "up" e um quark "down".

Além dos quarks que constituem a essência da matéria que conhecemos, ainda são constantemente criados e aniquilados pares de quarks e antiquarks virtuais, ao ritmo de umas 1023 vezes por segundo, o que ultrapassa largamente qualquer outro ritmo na natureza. Estes antiquarks são objectos com propriedades semelhantes às dos quarks. Quando um antiquark se junta a um quark, desaparecem os dois e fica apenas a energia equivalente à soma das duas massas.

No entanto, descobriu-se que existem partículas que se compõem de um quark e um antiquark, chamadas mesões. Os mesões têm geralmente tempos de vida extremamente curtos. Descobriu-se também nas últimas quatro décadas do século passado que existem outros tipos de quarks, aos quais se deram os nomes "strange", "charm", "bottom" e "top".

Núcleo do átomo de Hélio rodeado por dois electrões.
O núcleo tem quatro nucleões que cada um consiste de três quarks.
Protões e neutrões são constituídos por três quarks.
O protão consiste de up-up-down.
Os quarks apresentam-se em seis variedades, sabores no jargão dos peritos.
Os números entre parênteses indicam a carga eléctrica de cada um dos sabores.


Os quarks de sabor up, charm e top têm uma carga eléctrica positiva de dois terços da do protão, enquanto os quarks de sabor down, strange e bottom têm uma carga negativa de menos um terço.

A teoria que descreve os quarks e as suas interacções, a chamada teoria das interacções fortes, é de uma tal complexidade que ainda não é possível fazer previsões com grande rigor sobre as propriedades de nomeadamente os mesões, embora haja no mundo milhares de cientistas a trabalhar neste assunto, que se enquadra na "Física das Partículas". Contudo, nos laboratórios e colaborações, que envolvem frequentemente centenas de pessoas, são descobertas cada vez mais novas partículas. Recentemente, até se descobriu uma partícula que possivelmente é composta de cinco quarks, o chamado "pentaquark".

Sem solução à vista para a teoria dos quarks, os físicos começaram a construir modelos que pudessem dar algumas pistas sobre as propriedades dos mesões e as outras partículas.


As experiências

Na escuridão total não é possível ver objectos. No entanto, podemos observar os corpos que nos rodeiam utilizando os outros sentidos, nomeademente o ouvido, o olfacto e o tacto. Porém, para ver é preciso luz. Os objectos reflectem ou emitem a luz que é captada pelos nossos olhos e transformada num sinal que é passado ao cérebro.

O alvo reflecte ou transmite a luz, que a seguir é captada pelos nossos olhos.


Os sinais que os nossos detectores, o ouvido, o nariz, as mãos e os olhos, transmitem para o cérebro, são lá descodificados e transformados numa forma perceptível para nos. Consequentemente, na observação há sempre um processo de interpretação dos sinais recebidos pelos nossos detectores. No entanto, a forma da interpretação também varia de pessoa para pessoa.

Ao observar uma estrela cadente, pessoas com distintos níveis de sabedoria são capazes de chegar a conclusões diversas sobre a origem deste fenómeno. Ou seja, a interpretação de uma observação depende dos conhecimentos e da maneira de que estes conhecimentos foram digeridos por cada indivíduo. A capacidade de analisar um fenómeno adquire-se com a experiência e a experiência ganha-se fazendo, isto é, o lema "aprender é brincar", que caracteriza a curiosidade de um verdadeiro cientista.

A observação de partículas fundamentais realiza-se em laboratórios, através da análise de medições cujos resultados são tirados ao longo de uma experiência e armazenados em bases de dados.

A passagem de uma partícula "alfa", o núcleo de um átomo de Hélio, observa-se numa câmara de nevoeiro através dum traço de gotinhas de condensação. Para realizar tal experiência basta uma pequena amostra de um material radioactivo, uma caixa do tamanho de uma caixa de graxa para sapatos com uma tampa transparente e lá dentro um nevoeiro de dióxido de carbono. Contudo, para determinar a massa e a velocidade da partícula "alfa" é preciso equipamento bem mais sofisticado. Para criar e detectar outras partículas elementares são precisos aceleradores gigantescos e equipamento de topo de gama. Mas não só!

O laboratório do SLAC, o Centro do Acelerador Linear de Stanford (EUA).


Também são necessárias pessoas experientes tendo a capacidade de lidar com a construção de detectores de grandes dimensões e com complexas análises de dados. Normalmente juntam-se estes esforços em equipas constituídas por centenas de pessoas de muitas nacionalidades e de várias universidades ou centros de investigação.

Entre uma ideia luminosa inicial e a publicação do resultado experimental final podem hoje em dia decorrer várias décadas. Primeiro vem uma proposta que é analisada pela direcção do laboratório em relação à sua viabilidade e interesse para a comunidade científica. Depois é formada a equipa para construir os detectores e para mais tarde analisar os dados.

O detector da colaboração BABAR.


A seguir são colhidos os dados, isto é, bilhões de parcelas de informação obtidas sempre que o laboratório disponibilize o equipamento, geralmente por períodos de umas semanas ao longo de anos. Os primeiros dados servem para analisar o detector e aperfeiçoa-lo. Finalmente, começa a análise dos dados finais e passam-se anos até se encontrar a forma correcta de tirar conclusões que possam ser publicadas. São escalas de espaço e tempo que ultrapassam largamente a escala das nossas observações do dia a dia. Mesmo assim, o processo de aprendizagem é identico: baseando-se nos conhecimentos anteriores ganham-se novos conhecimentos.

As partículas cujas propriedades queremos determinar têm muitas vezes tempos de vida extremamente curtos, de modo que elas não se deslocam o suficiente para serem observadas.

Decaimento.


Nestes casos, estudam-se os produtos do decaimento, fotões, electrões, positrões, muões, piões, caões, ..., isto é, partículas estáveis ou com tempos de vida já suficientemente longos para medir as suas trajectórias. A partir das massas e velocidades de cada um destes produtos de decaimento pode ser reconstruída a massa e também outras propriedades da partícula inicial.

As trajectórias das várias partículas que podiam resultar de um decaimento no centro do detector.


Cada conjunto de partículas que corresponde ao conjunto esperado é analisado. Mas normalmente apenas uma pequeníssima fracção destes (por exemplo, um em cada dez milhões) tem origem na partícula procurada. Os outros casos ou são analisados mais tarde, ou não têm relevância. De vez em quando se descobre uma nova partícula neste processo de análise.


O processo de criação de um mesão D

Nos laboratórios são isolados electrões e positrões e acelerados em direcções opostas dentro de um acelerador, até chegarem a velocidades próximas da velocidade da luz. Em seguida são encaminhados para o centro do detector, onde então colidem frontalmente os electrões com os positrões, em choques tremendos.

Os positrões são as antipartículas dos electrões. Por isso, eles aniquilam-se mutuamente, um processo que resulta numa "bola" de alta energia no centro do detector. No interior desta bola podem ser criados pares de um quark e um antiquark.

A figura mostra como, com a energia resultante de uma colisão frontal a grande velocidade entre um electrão e um positrão, é criado um par de um quark charm e um antiquark do mesmo sabor.

Da colisão frontal entre um electrão e um positrão surge um par quark-antiquark de sabor charm.


O sistema c+anti-c é altemente instável, mas o quark charm e o antiquark charm apenas podem separar-se quando for criado outro par quark-antiquark. Uma das muitas possibilidades é a criação de um par quark-antiquark de sabor down, que resulta num par de dois mesões D com cargas eléctricas opostas. Por regra, chamada Regra de Zweig, há uma troca de companheiros: o charm fica acompanhado pelo recém-criado antidown, formando assim o mesão D+, enquanto o anticharm se junta ao novo quark down.

A formação de um par de mesões D.


Esquematicamente podemos representar o processo acima descrito pela fórmula

    _   _    _ 
e(+) + e(-) --> cc --> cd + dc --> D(+) + D(-)


O mesão D*sJ(2317)+

Se em vez de um par quark-antiquark de sabor down é criado um par de sabor strange, obtêm-se dois mesões Ds com cargas eléctricas opostas. Esquematicamente escreve-se

    _     _     _  
e(+) + e(-) --> cc --> cs + sc --> D(s)(+) + D(s)(-)

No entanto, existem muitos mesões Ds diferentes. A razão é que o quark e o antiquark não estão parados dentro do mesão, mas de facto efectuam uma "dança" a grande velocidade.

Um par quark-antiquark a dançar.


A energia total, ou a massa equivalente, de um mesão depende do "estilo" de dança dos seus quarks, caracterizado pelos números quânticos nJP. O mesão D*sJ(2317)+ tem, provavelmente, os números quânticos nJP=00+ correspondente a um tipo de mesões a que se chamam escalares, tendo neste caso uma massa de 2,317 GeV. E aí está o problema! Porque com este estilo de dança no seu interior, o mesão D*sJ(2317)+ pertence a uma família de mesões de paridade positiva (o número quântico P=+), da qual dois irmãos já tinham sido descobertos anteriormente, isto é, o mesão Ds1*(2536)+ (J=1) e o mesão D*sJ(2573)+ (provavelmente com J=2). Baseando-se nestas últimas descobertas, os modelos correntes previam uma massa de cerca de 2,49 GeV para o mesão com os números quânticos nJP=00+, o que é 170 MeV mais pesado do que a verdadeira massa do mesão D*sJ(2317)+. Portanto, uma previsão errada!


Os pares quark-antiquark

Um modelo que possa prever uma massa correcta para o mesão D*sJ(2317)+ tem de tomar em consideração dois aspectos distintos das interacções entre os quarks e antiquarks.

Em primeiro lugar, precisa de ter em conta que o quark charm e o antiquark strange estão permanentemente confinados um ao outro, como aliás na maioria dos modelos. Limitando-nos a esta estratégia íamos obter uma massa à volta de 2,55 GeV para o mesão D*sJ(2317)+ no nosso modelo, um valor próximo daqueles obtidos noutros modelos.

Porém, além disso consideramos a constante criação e aniquilação de pares quark-antiquark, o que não acontece nos modelos da concorrência. Temos assim, por exemplo, os processos

    _   _    _    _   _    _    _   _    _ 
...    --> cs --> cu + us --> cs --> cu + us --> cs --> cu + us -->   ...

A consequência destes processos é que não existe apenas um mesão Ds com os números quânticos nJP=00+, mas sim dois, isto é, um com uma massa de aproximadamente 2,8 GeV e um outro bastante mais leve. Na recente experiência da colaboração BABAR descobriu-se este último mesão, baptizado de D*sJ(2317)+.

Modelos em que são considerados estes dois aspectos das interacções entre os quarks e antiquarks, o confinamento e a permanente criação e aniquilação de pares quark-antiquark, chamam-se modelos unitarizados.


O decaimento do mesão D*sJ(2317)+

O processo de permanente criação e aniquilação de pares u+anti-u no interior do mesão D*sJ(2317)+ podia resultar na criação de dois mesões, um mesão D0 e um mesão K+, de acordo com

  _     _     _  
cs --> cu + us --> D(0) + K(+)

No entanto, a soma das massas do D0 e do K+ é superior à massa do D*sJ(2317)+. Portanto, não há suficiente energia disponível para que estas partículas possam realmente ser criadas. Mesmo assim, por um curto intervalo de tempo o sistema pode de facto encontrar-se num estado de quase criação dos dois mesões D0 e K+. A esta situação chama-se criação virtual de um par de mesões.

Os processos acima referidos seguem a regra de Zweig sobre troca de companheiros. Contudo, a regra de Zweig nem sempre é respeitada pela natureza. De vez em quando juntam-se, para formar um mesão, o quark e o antiquark do par criado no interior do mesão. Neste caso, o par c+anti-s do mesão D*sJ(2317)+ fica junto, mas, na turbulência da criação de um novo mesão ao seu lado, resolve dançar a um ritmo diferente, criando assim um outro mesão Ds. Deste modo, podem ser formados, por exemplo, um mesão Ds(1969)+ e um pião neutro, de acordo com

  _   _    _ 
cs --> cs + uu --> D(s)(1969) + pião neutro

O mesão Ds(1969)+ é o mais leve da família dos mesões compostos por um quark charm e um antiquark strange, enquanto o pião neutro é o mais leve da família dos mesões compostos por um quark up e um antiquark up. A soma das massas dos dois mesões resultantes é inferior à massa do mesão D*sJ(2317)+. Consequentemente, este processo é energeticamente favorável ao decaimento do mesão D*sJ(2317)+.

Como já referimos, o mesão Ds(1969)+ é o mesão mais leve dos mesões Ds. Portanto, o mesão Ds(1969)+ não pode decair de uma forma semelhante ao decaimento do mesão D*sJ(2317)+. Porém, existem outros processos, de natureza fraca, que ocorrem com muito menos frequência do que o processo forte de permanente criação e aniquilação de pares quark-antiquark. Num desses processos, o sistema c+anti-u do estado intermédio transforma-se num sistema s+anti-d, que a seguir decai num caão e um pião como

  _     _     _     _  
cu --> sd --> su + ud --> K(-) + pião(+)

A partir do mesão Ds*(1969)+ temos assim

  _     _     _     _     _     _     _     _  
cs --> cu + us --> sd + us --> su + ud + us --> K(-) + pião(+) + K(+)

A soma das massas dos três produtos do decaimento é inferior à massa do Ds*(1969)+. Portanto, este modo de decaimento é possível.

No total temos agora o seguinte processo de decaimento do mesão D*sJ(2317)+:

D*sJ(2317)+  -->   Ds(1969)+  +   pião0  -->   K-  +  pião+   +  K+   +  pião0.

É exactamente através deste processo que o mesão D*sJ(2317)+ foi detectado experimentalmente. A figura a seguir mostra o resultado da colaboração BABAR. Na vertical está indicado o número de vezes que é encontrado o conjunto de mesões K-, pião+, K+ e pião0 com uma certa massa. A massa do conjunto está indicada na horizontal. Repare na acumulação de dados na região de 2,317 GeV.

A descoberta do mesão D*sJ(2317)+ pela colaboração BABAR.
As unidades na horizontal são Giga-electrãoVolts.



Unitarização

Referimos atrás processos diferentes que podem dar origem ao decaimento de um mesão, distintos pelo frequência com que ocorrem. No modelo unitarizado apenas incluímos os processos mais frequentes, isto é, os da criação e aniquilação de pares quark-antiquark respeitando a regra de Zweig.

A razão é que, embora todos estes processos tenham intensidades comparáveis, acontecimentos frequentes têm uma influência dominante nas propriedades de um sistema, enquanto mal se notam aqueles que raramente ocorrem. Como podem imaginar, a permanente troca de companheiros tem muito mais influência na dança efectuada pelos quarks do que o raro aparecimento e desaparecimento de um par que começa temporariamente a dançar ao lado.

A influência destes três processos deixa-se exprimir na contribuição à massa do mesão. O mais frequente pode contribuir até algumas centenas de MeVs, o que é mil ou mais vezes superior às contribuições dos outros dois processos. Consequentemente, para não complicar o modelo desnecessariamente, contentamo-nos com os processos mais importantes. Além disso, os processos dominantes podem dar origem a alterações nos espectros dos mesões pelo efeito da duplicação de estados.


A duplicação de mesões

Modelos unitarizados, isto é, modelos que incluem o aspecto da permanente criação e aniquilação de pares quark-antiquark, prevêem a duplicação de mesões.

A importância da inclusão deste segundo aspecto das interacções fortes num modelo para descrever o espectro e as propriedades dos mesões demonstrámos, pela primeira vez, para a classe dos mesões escalares leves, que são compostos por quarks e antiquarks dos sabores up, down e/ou strange.
Para este tipo de mesões o modelo unitarizado previu, já há duas décadas, nove mesões adicionais. Nove, porque existem nove possibilidades de combinar os três sabores envolvidos. Estes nove mesões agrupam-se em quatro conjuntos distintos pela sua massa. Em concreto, há um mesão sigma com uma massa à volta de 450 MeV, quatro mesões kappa com massas à volta de 800 MeV, três mesões a0(980) com massas de 985 MeV e um mesão f0(980) com uma massa de 980 MeV.

Os mesões a0(980) e f0(980) já tinham sido descobertos há mais de três décadas. No entanto, ainda hoje em dia não é consensual a questão da sua classificação dentro da família dos mesões escalares, embora no modelo unitarizado não haja qualquer dúvida a esse respeito.

A pertinente explicação teórica do modelo unitarizado para a existência de uma ressonância correspondente ao mesão sigma, com exactamente as propriedades verificadas experimentalmente, deu um grande contributo para a aceitação, pela comunidade científica, deste mesão, que finalmente, após mais de trinta anos de controvérsia, tem um lugar firme nas tabelas de mesões. No entanto, ainda não há nenhum consenso quanto à sua classificação no seio da família dos mesões escalares.

A descoberta do mesão kappa, há dois anos, pela colaboração E791 do Fermilab (Batávia, EUA), resolveu a aceitação de também esta partícula pela comunidade científica, mesão esse que já tinha sido previsto pelo nosso modelo unitarizado há duas décadas. Mesmo assim, apenas para este ano se prevê, graças à grande pressão dos presentes autores, a inclusão do mesão kappa na tabela dos mesões escalares.

Finalmente, a muito recente descoberta do mesão D*sJ(2317)+, que dentro do modelo unitarizado tem exactamente a mesma explicação que os nove mesões escalares leves, acelerou o processo de credibilização deste modelo.



As figuras, a fotografia e o gráfico deste texto são emprestados pelos seguintes sites:

The Particle Adventure

BABAR   e   SLAC


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